DIRETRIZES PARA ENVIO DE TEXTOS, IMAGENS, CRÔNICAS, NOTÍCIAS, ARTIGOS, TESES, DESENHOS ETC. PARA O JORNAL O SARUÊ DA VERDADE
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- Recomendação: É altamente aconselhável a leitura do texto abaixo. Apesar de você ser livre, e deve ser, para seguir seu caminho.
AVISO: O texto a seguir pode desvelar alguns segredos. Para leitores habituais, recomenda-se não ler. O texto pode explicar e apontar para caminhos, piadas ou fórmulas, o que pode ser desanimador, pois você passará a analisar tudo sob uma nova perspectiva nas leituras seguintes. Às vezes, a melhor forma de rir é não esperar nada. De outro modo, pode ser curiosa a leitura. Faze o que tu queres pois é tudo da Lei.
Sobre O Saruê da Verdade
O Saruê, um animal de hábitos noturnos, astuto e assustado, que causa repulsa e/ou medo em algumas pessoas, é um símbolo presente na universidade. Pode ser encontrado nos campi da Cidade Universitária.
O foco principal do jornal é a universidade e a vida acadêmica, especialmente na Universidade de São Paulo (USP). Os textos buscam a verdade, mesmo que, às vezes, precisem ser inventadas. Surgiu da necessidade criativa de expor ideias em textos, criar, explorar e (talvez) militar em favor de algo, de nada ou do absurdo.
O humor não deve ser explícito, mas sutil, aparecendo em cada linha, mesmo que, para isso, o sentido do texto precise ser comprometido. O jornal brinca com o leitor, quebra a quarta parede e utiliza humor nonsense.
Exemplo prático:
- Seção de "PIADAS", edição nº 0002: A primeira piada tenta reproduzir uma piada típica, com o personagem Joãozinho. Não é para ser a melhor piada do mundo, mas sim uma piada comum, típica de jornal, que um tio escreveria e acharia muito engraçada. A segunda piada, sobre a "loira que entra no banheiro", busca brincar com a expectativa do leitor. Este espera algo politicamente incorreto, mas no final, a piada não faz sentido. O humor reside na quebra da expectativa, a piada é o próprio leitor.
- Nota do editor, edição nº 0003: A nota diz apenas: "Precisava cobrir este espaço vazio, por isso a nota". Não há um propósito de noticiar algo, mas apenas preencher o espaço. A graça está na subversão do propósito da seção.
O absurdo é uma característica do jornalismo sarueriano. Pode se afastar um pouco da regra, mas, de maneira geral, segue esse caminho. Ao mesmo tempo, deve parecer verdadeiro, possível, mesmo que absurdo. Deve causar uma dúvida no leitor: "Espera, isso é verdade?". Frequentemente, os acontecimentos na USP são tão absurdos que preferimos acreditar na mentira.
Exemplo prático:
- "Surpresa de Natal", edição nº 0006: A Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) poderia contratar um Papai Noel para implantar grades no Conjunto Residencial da USP (CRUSP). Por exemplo, no dia 2 de janeiro, bem cedo, tentaram instalar grades nos blocos do residencial, em uma ação combinada entre a empresa contratada e alguns servidores da zeladoria (que foram avisados de última hora). O objetivo era que, na manhã pós-feriado, o CRUSP estivesse vazio e sem resistência. Isso após a promessa da PRIP de que nada aconteceria durante o recesso de Natal e Ano Novo, e que aguardariam os estudantes para discutir a situação. O jornal brinca com esse absurdo, levando-o ainda mais para o campo do absurdo (sempre quando possível).
Quando nos referimos a particularidades da USP, é necessário que um leitor de fora compreenda pelo menos um pouco do contexto, salvo quando o assunto seja universal.
Exemplo prático:
- "O NATAL DO PEQUENO SARUÊ", edição nº 0005: Apesar de ser uma edição especial, este texto brinca com a frustração do leitor, que esperava humor, mas acabou em tristeza. O texto já localiza o CRUSP, para apenas depois citar "bloco G", que é conhecido pelos moradores apenas como "G". Esses pequenos detalhes são importantes para que o leitor, mesmo sendo uspiano, compreenda melhor a referência.
- "CINUSP HOMENAGEIA", edição nº 0006: Embora seja uma referência específica, o texto faz uma brincadeira sutil com o CINUSP. Apesar de bem especifica, não se restringe a conhecedores dos mínimos detalhes da USP, é universal para quem conhece o diretor, sendo da USP ou não. Um caso de particular, mas universal. Por informação: O filme de David Lynch não é "Coração Valente", mas "Coração Selvagem". O Duna atual (2021 e 2024) também não é do diretor, mas o 1984 que é (nota 6,3 no IMDb). A seção finge ser uma homenagem feita pelo CINUSP, mas revela o erro dos burocratas da USP. Detalhe: o CINUSP é um lugar muito importante na universidade, deve ser defendido. A questão apenas brinca com um orgão da universidade e os erros uspianos.
Por fim, mas não finalmente, segundo Kant, o riso é um afeto resultante da súbita transformação de uma tensa expectativa em nada [1]. Aqui, procuramos romper a tensão, revelar o nada, o absurdo. Brincando com uma posição dadaísta, que, da derrota do humanismo, explora o senso de absurdo, zombando-se e rindo-se [2], nossa derrisão vem da derrota do “nosso humanismo”, da nossa expectativa sobre a melhor universidade da América Latina, das promessas para o futuro que trariam a liberdade e a dignidade humana para todas as pessoas, das angústias e sonhos da vida universitária, da ruptura de nós no encontro com nós mesmos [3], das ilusões de criança que deixamos e das incertezas que sempre carregamos [4]. Na melhor universidade da América Latina, o ranking é colocado de frente com a realidade, com seus burocratas, com suas incongruências, com suas campanhas de pertencimento mesquinhas, com o próprio corpo estudantil, que, ainda em sua juventude, tenta entrar e se afirmar. Um caldeirão de pulsões e vontades, muitas vezes conflitantes, fazendo o caldo da experiência universitária. Nos resta a escrita, que trilha por este absurdo, mas não se limita a ele, revelando um certo humor negro, mas no sentido da melancolia (mélas kolé, humor negro), voltando-se para uma reflexão meditativa [5]. Por este trilho, do absurdo, da ironia, do sarcasmo, da zombaria, talvez encontremos a chave das nossas náuseas universitárias ou existenciais [6], rindo um pouco: “Porque o riso não é uma escapatória: é uma maneira de enfrentar as coisas, de se situar, de se afirmar diante das ameaças, da incongruência ou da insipidez de todos os horrores da vida cotidiana” [7].
- [1] KANT, I. Crítica da faculdade do juízo. Tradução de Valerio Rohden e António Marques. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993, p. 177
- [2] MINOIS, Georges, 1946- História do riso e do escárnio; tradução Maria Elena O. Ortiz Assumpção. — São Paulo: Editora UNESP, 2003, p. 410
- [3] CAMPBELL, J. O herói de mil faces. São Paulo: Cultrix, 2007, p. 15.
- [4] POMPÉIA, Raul. O Ateneu. 16ª ed., São Paulo: Ática, 1996, p. 1.
- [5] ARISTÓTELES. Problemata XXX.1 953a10-14
- [6] SARTRE, Jean-Paul. A náusea; tradução Rita Braga. — Ed. especial — Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2015, p. 155.
- [7] FAVRE, R. Le rire dans tous ses éclats. Lyon: 1995, introdução. in MINOIS.